Segundo Paulo Figueiredo, a Fundação Espírita André Luiz, “por mais de 20 anos houve uma tentativa guardar todo esse material, impedindo o seu acesso público. Correu-se o risco desse material ser atirado em um cofre”. Trata-se de documentos do mais alto valor histórico relacionado a Allan Kardec, recolhidos por Canuto de Abreu pouco antes da eclosão da 2ª Guerra Mundial, numa ação que salvou boa parte do acervo.
Há muitos anos o público espírita aguarda com expectativa a publicação do material. Consta haver no material correspondências de Kardec com personalidades da época, inclusive com João Batista Roustaing, as quais contém informações que reposicionam a opinião e fazem revelações sobre o próprio codificador.
Em sua participação no evento, Jon Aizpúrua de início fez a seguinte colocação: “Está o espiritismo realmente em condições de dialogar com o século XXI?” E justificou: “Kardec deu ao espiritismo uma posição elevada, colocando-o no pensamento da época, e proporcionou uma autêntica revolução”.
“Atualmente – prossegue Aizpúrua – mais de 90 por cento das pesquisas sobre áreas do conhecimento espírita, paradoxalmente, provém de centros de investigações pessoais ou acadêmicos de investigadores não espíritas”. Para Jon, esta realidade constitui um grande desafio para os investigadores espíritas.
Segundo Wilson Garcia, este desafio encontra uma barreira na realidade do movimento espírita brasileiro “que não oferece espaço público de produção do conhecimento, bem como também não apoia de modo efetivo aqueles indivíduos que, a duras penas, realizam seus trabalhos de estudo e pesquisa”. E apontou para os congressos espíritas no país, que negam esse espaço ao impedirem que esses trabalhos sejam apresentados, mas também para os atos contrários da elite dirigente, que além disso promove ações para impedirem que o grande público tome conhecimento desses trabalhos isolados.
Júlia Nezu, que recentemente deixou a presidência da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, USE, após dois mandatos, afirmou, em contrapartida, que “não vê ocorrer em São Paulo atos desse tipo aludidos por Wilson”, havendo, segundo Nezu o contrário, pois ela mesma é presidente de uma instituição cultural. Em resposta, Garcia disse que “o fato é preocupante, porque se os próprios dirigentes não possuem consciência de que a negação do espaço público de produção do conhecimento, então estamos diante de uma realidade ainda pior”.
O evento foi promovido em parceria dos centros espíritas José Barroso, do Bairro do Brás, e Nova Era, com participação de várias instituições de São Paulo e delegados da Cepa, e pode ser assistido através do link: https://www.facebook.com/NovaEraBelenzinhoSP/videos/324511744789483/
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